Com exaustivas jornadas de trabalho, o medo constante de contágio e o aumento das mortes de colegas de trabalho que contraíram a COVID-19, a saúde mental dos médicos e demais profissionais de saúde está em declínio.
Essa é a percepção das entidades de classe e de especialistas, que apontam que habitualmente esses profissionais já lidam com uma elevada carga de pressão e convivem com taxas altas de problemas emocionais e mentais.
Uma pesquisa on-line recente realizada pela APM (Associação Paulista de Medicina), mostrou que 86,6% dos médicos entrevistados perceberam que os colegas estão apreensivos, deprimidos, insatisfeitos e revoltados.
Para esses profissionais, o risco de contágio pelo Coronavírus se estende para fora do local de trabalho, uma vez que estes podem se tornar agentes de transmissão em suas próprias residências, colocando a saúde de seus familiares em perigo.
Além disso, médicos que trabalham na linha de frente no combate à pandemia relatam que além do extremo cansaço causado pela sobrecarga de trabalho, os profissionais têm sofrido com o sentimento de impotência e frustração diante das mortes de paciente e colegas e a preocupação com seus familiares.
A combinação desses fatores tem afetado significativamente o estado emocional e psicológico dos profissionais, colocando em estado de atenção sindicatos, órgãos representativos e entidades profissionais.
Além da devastação pessoal, a deterioração do estado de saúde mental de médicos e demais trabalhadores da saúde, entre eles enfermeiros, técnicos, nutricionistas e fisioterapeutas, impacta diretamente no combate à pandemia e pode afetar a qualidade dos serviços oferecidos em geral.
Diante desse cenário, estão se multiplicando iniciativas de oferta de suporte emocional para cuidadores, psicoterápico e/ou medicamentoso.
O Ministério da Saúde, por exemplo, garantiu atendimento psicológico aos profissionais da rede pública, através da criação de um canal para teleconsultas. O serviço é destinado aos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, biomédicos e farmacêuticos envolvidos no tratamento de pacientes com Covid-19.
Para acessar a plataforma, o profissional deve realizar o primeiro contato por telefone, escolhendo os melhores horários para o atendimento psicológico. Feito isso, será encaminhado um link através do WhatsApp para que responda uma escala de avaliação e assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Paralelamente, universidades brasileiras estão desenvolvendo manuais para que o modelo de atendimento terapêutico, desenhado no projeto do SUS, possa ser aplicado para outros profissionais do país.